A Retina Artificial é mais uma invenção de muitas que vêm sendo desenvolvidas graças ao avanço da tecnologia. Você já parou para pensar na existência de um aparelho que traga de volta a visão para pessoas cegas?
É exatamente o que propõe o estudo da Universidade Miguel Hernández (Espanha) publicado no The Journal of Clinical Investigation, onde pesquisadores encontraram uma alternativa de devolver a visão para pacientes cegos através de um óculos que estimula diretamente o córtex.
Retina Artificial e a busca por olhos biônicos
Além dos espanhóis, pesquisadores da Universidade de Monash e do Center for Eye Research, que ficam na Austrália, também desenvolveram uma retina artificial que resgata, parcialmente, a visão de pessoas com deficiência visual.
O grau de sucesso tem sido variado, já que para os pesquisadores, o grande desafio para tornar a visão possível é a quantidade de minúsculas terminações nervosas a serem simuladas, pois o nervo óptico humano contém milhões delas.
Um dos primeiros protótipos da retina artificial, por exemplo, obteve imagens de 100 pixels. Muito abaixo do que consideramos como alta definição.
Conectada diretamente ao córtex visual do cérebro
Diante dos resultados da pesquisa do Center for Eye Research, os pesquisadores espanhóis da Universidade Miguel Hernández tentaram outra abordagem: contornar os olhos do paciente para se conectar diretamente ao córtex visual do cérebro.
Dessa forma, todas as imagens são obtidas através de uma câmera acoplada nos óculos antes de ser convertida em sinais elétricos pelo cérebro.
Para facilitar nossa imaginação e visualização: o par de óculos com câmera central serve como uma retina artificial de seu usuário. E, por fim, um implante é inserido diretamente no tecido cerebral.
Segundo os cientistas australianos e espanhóis, a câmera ainda não tem potência necessária para transmitir uma imagem completa, mas sim variações de luz que permitem ao usuário distinguir formas e objetos.
Os primeiros resultados da Retina Artificial e o começo de uma nova realidade
O sistema foi testado pelos pesquisadores em uma mulher de 57 anos, que há mais de 16 anos estava completamente cega. Segundo os estudos, a paciente foi capaz de identificar formas e silhuetas detectadas pela retina artificial, também conseguiu discernir algumas letras e até reconheceu os tamanhos dos objetos.
O implante que é inserido no cérebro tem apenas 4 mm de largura e cada um dos eletrodos tem 1,5 mm de comprimento.
De acordo com Eduardo Fernandez, professor e diretor de neuroengenharia da Universidade Miguel Hernandez, os implantes penetram no cérebro para que possam estimular e monitorar a atividade elétrica dos neurônios no córtex visual.
Através destes estímulos, a pessoa é capaz de perceber os padrões de luz transmitidos pela retina artificial.
Os pesquisadores também atestaram a segurança e o potencial da retina artificial, já que o implante não afetou negativamente as demais funções do córtex cerebral, nem estimulou outros neurônios.
Entretanto, segundo afirmações dos próprios especialistas, ainda há muito trabalho pela frente antes que a tecnologia possa ser usada em um nível prático, então os cientistas estão recrutando voluntários com diferentes níveis de deficiência visual para novos experimentos.
Ainda assim, os cientistas estão otimistas. É apenas uma questão de tempo até que essa tecnologia possa ser aperfeiçoada para transformar a rotina de milhões de pessoas com deficiência visual parcial ou total.